O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ),
disse nesta segunda-feira, durante entrevista ao programa “Roda Viva”, da TV
Cultura, que o escândalo de corrupção na Petrobras começou no governo de
Fernando Henrique (1995-1998), que teria aberto “a porteira da corrupção ao
ignorar a lei de licitação nº 8.666”, que teria facilitado a formação de cartel
na petrolífera.
— A Petrobras passou a obedecer a um regulamento
próprio, que permitia a licitação por carta-convite por empresas cadastradas
previamente na própria Petrobras. É claro que é uma desculpa até palatável,
pois a Petrobras precisa competir no mercado internacional, mas ao mesmo tempo
abriu a porteira para a corrupção, pois o diretor podia escolher quem ele
convidava e permitir que as empresas combinassem a quem se beneficiava, as
empresas podiam combinar o seu preço — falou Cunha.
No primeiro mandato de Fernando Henrique, em 1988,
foi publicado o decreto 2.745, que regulamentou o regime diferenciado
simplificado de contratações da Petrobras.
O parlamentar negou ainda que seja adversário do
Partido dos Trabalhadores (PT), mas disse que o partido o escolheu como
adversário.
— O PT me escolheu como adversário, não fui eu que
escolhi o PT como adversário. Também não escolhi a presidente Dilma como
adversária. Estamos no meio de uma crise política e temos que resolver uma
crise política — disse. Sobre o PT no poder, Cunha disparou:
— Eles fazem tudo aquilo que eles pensavam que nós
fazíamos.
Cunha declarou ainda que é necessário que a
presidente reveja o atual tipo de coalizão feita com os demais partidos para
que manter a governabilidade.
— É preciso que ela retome a agenda do país e
retome a coalizão. Eu falei coalizão, e não cooptação, mostrando para a
sociedade o que precisa fazer no ajuste fiscal, o que tem hoje que vai trazer
de benefícios depois.
COOPERAÇÃO DE LULA
O atual presidente da Câmara também manifestou ser
favorável a que o ex-presidente Lula participe de reuniões com Dilma para
“cooperar” com o governo.
— O Lula é que é o grande líder do processo
político que colocou o PT no poder. O Lula é um animal político de envergadura,
de visão extraordinária. Eu não vejo nada demais. Acho até que ele poderia ter
ajudado mais — declarou.
Ele também defendeu o fim do exame da Ordem dos
Advogados do Brasil (OAB) para bacharéis de direito, obrigatório para o
exercício da profissão de advogado no país.
Cunha reforçou ainda que é
“radicalmente” contra o aborto e considera a interrupção da gravidez um “crime
hediondo”.
Durante entrevista ao jornalista Mário Sérgio Conti
no programa “Diálogos”, da Globo News, que será veiculado na próxima
quinta-feira, Cunha rejeitou a ideia de um impeachment da presidente Dilma.
— Discussão de processo de impeachment, neste
momento, com as circunstâncias que estão colocadas, beira a ilegalidade, a
inconstitucionalidade, para não dizer o golpismo. Ela foi eleita legitimamente.
Não há o que contestar. Se aqueles que votaram nela se arrependeram do voto,
vão ter esperar quatro anos para consertar. Ela tem todo o direito de governar
— argumentou.
No entanto, ao mesmo tempo em que defendeu o
direito da presidente de cumprir o segundo mandato até o fim, Cunha afirmou que
ela não soube perceber que não obteve “hegemonia” na disputa pela reeleição.
Fonte: Blog do BG.
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