Um desfile e uma cerimônia no quartel onde jaz o cadáver
de Hugo Chávez com a presença de quatro presidentes aliados marcaram nesta
quarta-feira (5) as celebrações do aniversário da morte do líder em uma Venezuela abalada por um mês ininterrupto de
violentos protestos.
'Os grupos violentos ameaçaram parar o país e o país
está funcionando livremente e com tranquilidade', declarou ao abrir o desfile o
presidente Nicolás Maduro, que chamou a contestação de uma tentativa 'de golpe
de Estado'.
Em um inflamado discurso, Maduro convocou 'as Unidades
de Batalha Bolívar Chávez (milícias civis), os movimentos sociais (...) os
trabalhadores e camponeses a fazer valer a ordem de nosso comandante Hugo
Chávez'. Atrás de Maduro, o Exército exibiu seu poderio, com tanques, caças e
artilharia.
O relato oficial do desfile cívico-militar reforçou o
crescente culto, quase religioso, à personalidade de Chávez, onipresente nas
ruas e edifícios de cada canto do país com as maiores reservas petrolíferas
mundiais.
No desfile participaram '10.260 combatentes socialistas
revolucionários antimperialistas e sobretudo profundamente chavistas, con 570
sistemas de armas e 35 aeronaves', declarou o general de brigada Jesús Suárez
Chourio.
Mas a Venezuela dirigida pelo herdeiro de Chávez, o
presidente Nicolás Maduro, está há semanas em alerta por uma onda de protestos
que o governo classifica de golpe de Estado e que deixaram 18 mortos, 260
feridos e dezenas de denúncias de violações de direitos humanos.
O cubano Raúl Castro, o boliviano Evo Morales, o
nicaraguense Daniel Ortega e o surinamês Desi Bouterse participaram do dia que
teve como destaque a estreia mundial pela televisão, e em cadeia obrigatória,
do documentário 'Mi Amigo Hugo' (Meu Amigo Hugo), do cineasta Oliver Stone.
Paixões irreconciliáveis
No entanto, os protestos antigovernamentais não acabam
na celebração da morte do homem que, em seus 14 anos como presidente, despertou
paixões irreconciliáveis em um país hoje dividido ao meio.
'Estamos mais unidos do que nunca, lutando pela justiça,
em batalha permanente e rumo à vitória popular', escreveu nesta quarta-feira o
vice-presidente Jorge Arreza, genro de Chávez.
'O governo está estável, embora não tão forte como há um
ano', explicou à AFP o analista e professor da Universidade Central Carlos
Romero, acrescentando que, de qualquer forma, 'não há um contrapoder com peso
suficiente para transitar para outro regime'.
Algumas ruas de Caracas e de outras cidades amanheceram
nesta quarta-feira bloqueadas com barricadas e no distrito opositor de Chacao
(epicentro dos protestos na capital) os estudantes foram dispersados com gás
lacrimogêneo por efetivos da Polícia Nacional, constataram jornalistas da AFP.
A líder estudantil Gabriela Arellano convocou um
protesto no setor Leste e Caracas, reduto do antichavismo. 'Ninguém vai tirar a
vontade de um povo das ruas!', escreveu Arellano no Twitter.
Já a deputada María Machado, uma das ideólogas de 'A
Saída', a tática de ocupar as ruas para forçar a renúncia do governo, anunciou
que participará de um protesto em San Cristóbal, no estado de Táchira, oeste do
país, onde a tensão é mais palpável.
As manifestações começaram há um mês quando os estudantes
protestaram pela insegurança em San Cristóbal depois de uma tentativa de
estupro em um campus, e os protestos se estenderam a todo o país, encorajados
por altas taxas de homicídios, de inflação e pela escassez recorrente de bens
básicos.
Maduro adverte a OEA
Neste contexto de tensão interna e críticas de países estrangeiros, Maduro advertiu que não permitirá qualquer ingerência na Venezuela por parte da Organização de Estados Americanos (OEA), que nesta quinta-feira se reunirá em Washington para discutir a situação no país.
Neste contexto de tensão interna e críticas de países estrangeiros, Maduro advertiu que não permitirá qualquer ingerência na Venezuela por parte da Organização de Estados Americanos (OEA), que nesta quinta-feira se reunirá em Washington para discutir a situação no país.
'Vou responder com força e contundência a qualquer
tentativa de qualquer governo da América de se meter nos assuntos internos da
Venezuela, não aceito intervencionismos em meu país', declarou Maduro em seu
discurso em Caracas .
A Organização dos Estados Americanos anunciou uma
reunião de chanceleres para esta quinta, a pedido do Panamá, para buscar uma
solução para o clima de protestos na Venezuela.
Fonte: G1.globo.com/mundo.
Entre em Contato conosco:http://agresteemfoco.blogspot.com.br/
facebook: www.facebook.com/JMdoAgreste.
Nenhum comentário:
Postar um comentário