Escolas particulares paquistanesas têm sido impedidas de
comprar um livro escrito pela jovem que se tornou um ícone da luta pelo direito
à educação Malala Yousafzai, devido a seu 'conteúdo anti-Paquistão e
anti-Islã', informou um alto funcionário este domingo.
'Sim, nós proibimos o livro de Malala ('Eu sou Malala')
porque traz um conteúdo contrário à ideologia do nosso país e aos valores
islâmicos', explicou à AFP Kashif Mirza, chefe da Federação de Escolas
Particulares do Paquistão.
'Não somos contra Malala. Ela é nossa filha e está
confusa sobre seu livro. Seu pai pediu à editora para retirar os parágrafos
sobre Salman Rushdie e escrever A Paz Esteja com Ele depois do nome do nosso Sagrado
Profeta (Maomé)', afirmou Mirza.
O romancista britânico Salman Rushdie se tornou alvo de
uma fatwa (lei islâmica) proferida no Irã, recomendando que fosse assassinado
por supostamente blasfemar contra o Islã e o profeta Maomé em seu livro, 'Os
Versos Satânicos'.
A blasfêmia é um tema sensível também no Paquistão, onde
é passível da pena de morte.
Mirza disse que cerca de 152 mil escolas particulares em
todo o Paquistão se solidarizaram com Malala depois de ela ter sido baleada
pelo talibã no vale do Swat (noroeste), no ano passado, mas afirmou que as
visões que ela expressou em sua autobiografia não eram 'aceitáveis'.
'Nenhuma escola vai comprar 'Eu sou Malala' para sua
biblioteca ou qualquer outra atividade extra-curricular no campus', afirmou.
Ele negou ter havido qualquer ameaça ou pressão de
grupos militantes à federação para que decidisse proibir o livro. No entanto,
militantes talibãs ameaçaram atacar as livrarias que vendessem o livro de
Malala.
Co-escrito com a jornalista britânica Christina Lamb,
'Eu sou Malala: A História da Garota Que Defendeu o Direito à Educação e Foi
Baleada Pelo Talibã' narra o terror da jovem de 16 anos, quando dois homens
armados entraram em seu ônibus escolar em 9 de outubro de 2012 e atiraram
contra a sua cabeça.
O livro descreve a vida da menina sob a brutal dominação
do talibã no vale do Swat, noroeste do Paquistão, em meados dos anos 2000,
sugere sua ambição de ingressar na política paquistanesa e inclusive descreve o
breve flerte de seu pai com o fundamentalismo islâmico quando jovem.
O livro descreve, ainda, as chibatadas públicas
aplicadas pelo talibã, sua proibição a TV, dança e música, e a decisão da
família de deixar Swat junto com outros quase um milhão de paquistaneses em
2009, em meio a intensos combates entre militantes e o Exército paquistanês.
Fonte: G1.globo/mundo.
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