Um homem morreu durante confrontos entre forças de segurança
e manifestantes do presidente deposto Mohamed Morsix nesta terça-feira (14), no primeiro
dia do referendo sobre a nova constituição do Egito, segundo fontes de segurança.
Mahmoud Sayed Gomaa, de 25 anos, morreu durante protesto
próximo a um local de votação na província de Bani Suef.
O referendo é a primeira votação no país desde que os
militares derrubaram o islamita Morsi, em 3 de julho de 2013, em meio a
protestos contra seu governo.
Mais cedo, uma explosão atingiu o prédio de um tribunal
no Cairo. Não houve mortos ou feridos, e peritos tentam descobrir se foi uma
bomba.
A votação deste terça provavelmente irá definir o
cenário para uma provável candidatura presidencial do chefe do Exército,
general Abdel Fattah al-Sisi.
Três dias antes da votação, Sisi,
vice-primeiro-ministro, ministro da Defesa e comandante em chefe do Exército,
declarou que se apresentará às eleições presidenciais previstas para este ano
se 'o povo exigir' e se as forças armadas apoiarem sua candidatura.
Em seu discurso no sábado, Sisi vinculou seu apelo para
que as pessoas votem a favor do 'Sim' com seu futuro político, afirmando que
seria candidato apenas se o povo pedir.
No Cairo, as pessoas se concentraram desde a madrugada
em frente aos centros de votação instalados em escolas, em ruas vigiadas pela
polícia e por soldados fortemente armados. Diante de uma escola para meninas,
dezenas de eleitores seguravam bandeiras egípcias e gritavam slogans a favor do
exército e de Sisi.
No dia 3 de julho, o exército derrubou o islamita
Mohamed Morsi, o primeiro presidente democraticamente eleito da história do
país. Os partidários do presidente deposto continuam protestando diariamente em
pequenos grupos, apesar da resposta firme do novo governo.
Desde a deposição de Morsi também ocorreram muitos
ataques, sobretudo com carros-bomba contra membros das forças de segurança,
reivindicados por grupos jihadistas vinculados à rede terrorista da Al-Qaeda.
Os militares instauraram um governo interino para que
seja realizada uma transição democrática, cuja primeira etapa é o referendo
sobre uma nova Constituição.
Mais de mil pessoas morreram pela repressão implacável
do exército contra os partidários de Mursi desde sua queda, em particular o
movimento islamita da Irmandade Muçulmana, cujos líderes foram quase todos
detidos.
Assim como Morsi, eles estão sendo julgados por
incitação ao assassinato de manifestantes quando estavam no poder e podem ser
condenados à pena de morte.
Apesar da repressão, a Irmandade Muçulmana, declarada
uma organização terrorista pelo governo, convocou um boicote do referendo.
O projeto de Constituição não inclui as referências
religiosas acrescentadas durante a presidência de Morsi, mas aumenta os já
amplos poderes do exército.
Sisi parece ter confirmado em seu discurso de sábado o
que analistas e funcionários de alto escalão já previam: o referendo se
apresenta como um plebiscito sobre sua pessoa, porque o novo projeto de
Constituição não apresenta grandes mudanças em relação à lei fundamental
anterior.
A parte essencial do poder continua nas mãos do
presidente e o exército ainda é o pilar do sistema.
Desde a queda do também chefe militar Hosni Mubarak,
após uma revolta popular no início de 2011 depois de quase 30 anos de poder
absoluto, os egípcios se dirigiram em três ocasiões às urnas para se pronunciar
sobre textos ou emendas constitucionais.
Fonte: G1.globo.com
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