"Não é só macaco que gosta de banana não. E o que é
que tem o macaco? Esse preconceito é besteira. Eu encaro isso aí como uma
pessoa que não tem o que fazer e quer aparecer".
Assim o agricultor Domingos Alves, de 64 anos, resumiu
sua forma de encarar o episódio envolvendo o filho Daniel Alves, lateral
direito do Barcelona. Durante partida contra o Villarreal, o jogador baiano
comeu uma banana que foi jogada em campo por um torcedor.
Os pais do atleta comentaram a situação nesta
segunda-feira (28), em entrevista ao G1.
"Eu sempre disse a Daniel que tudo o que vier para
atingir, inclusive as críticas, a gente não reage. Se reagir, atinge. Se não
reagir, acaba. Quando vi aquilo [cena em campo], pensei: Meu Deus, ele ainda
lembra do que ensinei. É um tapa na cara do preconceito", contou dona Lúcia
Ribeiro, mãe do lateral.
A família do jogador ainda mora na cidade de Juazeiro, região norte da Bahia, onde
Daniel nasceu e morou até a adolescência. Mantendo residência no município, o agricultor
possui uma plantação de frutas.
"Eu planto manga, coco, melão, melancia, maracujá e
agora vou plantar banana. Já estava com a ideia, e depois dessa história, vou
plantar banana. Até já encomedei as mudas. [A fruta] Vai ficar mai cara e
melhor de trabalhar com ela", brinca o agricultor.
"Preconceito é muito difícil de acabar porque
quando não é de uma coisa é de outra. Falam se a pessoa não se veste bem, se é
pobre, se é negro", opina. "E esse preconceito no futebol já
aconteceu com colegas dele, como o Neymar", diz Domingos.
Para o agricultor, a atitude do filho mostra que Daniel
Alves é capaz de não se deixar abater por atitudes racistas. "A pessoa
jogou com intenção de provocar, chamar ele de negro, macaco. É uma pessoa que
quer aparecer. Só que ele não aparece não. Só se destrói querendo ofender os
outros", conta.
Seu Domingos se mostra orgulhoso pela forma como o filho
respondeu a ofensa, mas não esconde o medo com a "criatividade" do
jogador. "É perigoso também porque a pessoa pode colocar alguma coisa
[dentro da banana] com intenção diferente. Jogou para chamar de macaco, negro,
mas uma pessoa dessa pode ter coragem de colocar outra coisa diferente, até um
veneno", comentou. "Ainda não falei com ele depois disso, mas vou
avisar a ele pra não comer mais banana assim no campo", conta.
Fonte: G1.globo.com
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